[Resenha] Deixe a Neve Cair

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Publicado no Brasil 5 anos após o seu lançamento, Deixe a Neve Cair, traz para os fãs brasileiros de John Green mais um dos seus escritos ainda inéditos. O livro coletivo de John Green, Maureen Johnson e Lauren Myracle composto por três contos natalinos que se entrelaçam tanto no cenário como nos personagens, cativa o leitor não só pelo tema, mas pela forma como cada autor consegue dialogar com ele. A cidade de Gracetown é o pano de fundo das histórias, atingida por uma das piores nevascas em décadas, os personagens se veem presos na cidade e ali traçam suas histórias de amor.


Apesar de o grande chamativo do livro ser o John Green, motivo que também impulsionou a minha compra, inicialmente, a atenção já é roubada pela autora Maureen Johnson. Que abre o livro com o conto "O Expresso Jubileu", ela traz uma personagem que se destaca dentre todos que o leitor irá conhecer no decorrer do livro. Jubileu, que com seu nome nada comum também intitula o conto, tem um senso de humor evidente e uma família com gostos peculiares, mas mesmo assim ela acredita viver a vida que queria. 

Os pais de Jubileu são colecionadores assíduos da Cidade do Papai Noel da Flobie e por causa disso acabam entrando em uma confusão em plena véspera de Natal. Esse acontecimento muda os planos de Jubileu com o namorado (que ela julga perfeito) para a noite de Natal, e então ela embarca em uma viagem inesperada e sem saber rumo ao seu milagre de Natal.


Todos os personagens descritos pela Maureen são bem definidos, possuem um senso de humor característico, que faz a leitura do texto ser corrida e agradável. E ainda assim, ela consegue dar profundidade a cada um deles, revelando de modo sucinto, mas tocante a história de vida de cada um, amarrando bem o enredo e trazendo em evidência o tão aclamado espírito natalino, mesmo em meio a confusão que Jubileu vive.

E mesmo o espírito natalino sendo um pró para o texto de Johnson, ele também se torna um contra, uma vez que o modo repentino e até mesmo sucinto que o formato do conto pede, faz com que não acreditemos tão fielmente nos acontecimentos, mas nada que não arranque um sorriso e um "aah" do leitor.

No conto do John Green, "O Milagre da Torcida de Natal", encontramos a típica escrita e os personagens usuais com que o autor trabalha em seus outros livros. Tobin é quem narra a história e mais uma vez nos deparamos com o trio de nerds (dois garotos e uma garota), que não são populares e vivem ao seu próprio modo. No todo, o conto traz altos e baixos, que prendem o leitor até certo ponto e tira umas risadas. Mas no meio do enredo, as coisas mudam de foco inesperadamente e o contexto se perde um pouco, ou seja, o plot twist não funcionou muito bem. E os personagens são pouco notáveis ao ponto de você não lembrar o nome de um ou outro, mesmo com o núcleo reduzido que o conto possui.


A leitura do conto de Lauren Myracle, "O Santo Padroeiro dos Porcos",  sofreu uma pequena quebra de ritmo, por conta da decepção e um pouco do cansaço do estilo de Green. Addie acabou de sair de um relacionamento e tem que lidar com isso. O único problema é que ela é uma daquelas personagens teimosas e cegas pelo próprio drama, mas que ainda assim trazem algo de ingênuo e gentil, que te coloca numa relação de amor e ódio com a personagem. O desfecho dado por Myracle, não poderia emanar mais amor e confusão ao mesmo tempo, ela trabalha muito bem com todos os personagens. Ao final, o livro se transforma em um romance, ao meu ver, está bem distanciado da estrutura de uma coletânea de contos, não só pelo tamanho dos textos, mas sim pelo formato dado a eles.

Toda a atmosfera dos três contos é banhada por esse toque de "milagre de Natal", por isso muitas vezes, as coisas acontecem de modo repentino e quase surreal. O mais interessante no livro é o fato de ver como cada autor trabalha detalhes e personagens que permeiam os outros contos, há também o fato de os acontecimentos serem simultâneos, assim vemos vários pontos de vistas, sem cair no perigo de termos algo monótomo ou repetitivo.

Deixe a Neve Cair teve seus direitos autorais vendidos para a Universal Pictures, que produzirá a adaptação da obra para os cinemas e a data de estreia está prevista para 22 de novembro de 2017. Mas ainda não há nenhum elenco confirmado ou data para o início das gravações.

Enquanto aguardamos a estreia da adaptação, você que leu ou vai ler o livro e principalmente eu, tento tirar a dúvida de por que a necessidade de um personagem como o Homem Alumínio em todo o enredo.


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2 comentários

  1. Meninaaa!
    Não saiba que esse livro ia virar uma adaptação! Ainda bem que já li hahaha
    Eu adorei ter lido ele, e fiquei chocada que o pior conto do livro é do John Green ahhaha Eu gostei dos outros muitooooo mais do que o do dele, difícil aceitar!

    Adorei sua resenha♥♥
    Um beijo,
    Paloma
    surewehaveablog.com.br

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    Respostas
    1. Ah, obrigada, Paa.
      Pois é, comprei o livro super animada pra ler o conto do Green e quando chega nele é a maior decepção. Pelo menos os outros contos valeram a pena ♥
      Beijo

      Excluir

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