#SérieDoMês: O retorno de Lisbeth Salander e Mikael Blomkvist

Capa do Livro "A Garota na Teia de Aranha"

No dia 27 de agosto foi lançado mundialmente o quarto volume da série Millennium: A Garota na Teia de Aranha. Aqui no Brasil, a editora novamente responsável por sua publicação foi a Companhia das Letras. O livro entrou em pré-venda em junho deste ano após passar por algumas brigas judiciais entre a companheira de Stieg Larsson, Eva Gabrielsson, que viveu com o autor por 30 anos e o pai e o irmão do escritor, Joakim e Erland Larsson.

Após a morte repentina de Stieg, deu-se início uma batalha judicial entre as partes mencionadas pelos direitos de sua obra. Eva, que não era casada legalmente com Larsson, utilizou todos os recursos possíveis, porém acabou perdendo, visto que na Suécia não há legitimidade de direitos sobre o legado do companheiro em uma união estável, independente do período de duração.

                      

Após a derrota judicial, Eva ainda se recusou a entregar os manuscritos do marido para a reprodução de uma continuação da saga. Larsson, antes de falecer, deixou um rascunho para um quarto livro quase concluído, faltando aproximadamente cem páginas. A esposa do autor pensou em ela mesma terminar a história, porém desistiu declarando que a obra de Stieg havia se encerrado com a sua morte. Eva jamais cedeu esses manuscritos a editora forçando, assim, David Lagercrantz, jornalista e escritor que assumiu o desafio de prosseguir com a saga, a começar o quarto volume do zero, cujo o resultado você já pode conferir nas prateleiras das livrarias.

David Lagercrantz, novo autor da série Millennium

No entanto, a dúvida que fica é: O que esperar desta obra? Independente da qualidade do livro, David, com certeza não levará Lisbeth e Mikael pelos mesmo caminhos que seu criador original levaria. A obra de Stieg Larsson é tão cheia de personagens complexos e é ambientada em um universo tão subjetivo que os fãs da saga ficam na expectativa de saber se o novo autor conseguirá desenvolver todos os temas abordados pelo enredo como tráfico de mulheres, corrupção, psicopatia, misoginia, machismo, entre tantos outros que Larsson consegue incutir em seus livros e ao mesmo tempo desenvolver de forma magistral.

Particularmente, tenho receio de sequências de obras escritas por outros autores que não os originais, afinal parte da essência de toda a história é perdida, principalmente, em uma série como Millennium, visto que as personalidades e características dos personagens são criadas a partir da visão de mundo do autor original. Portanto, outro autor, outras ideias, outra cabeça, outra subjetividade, outro modo de ver o mundo.

Claro, iremos conferir o resultado do trabalho de David Lagercranz e, ao contrário de Eva Grabrielsson que já declarou ao jornal Aftonbladet que acha "desagradável a decisão e é de mau gosto tentar fazer mais dinheiro [com a trilogia]", lhe daremos um voto de confiança. Tiraremos a prova para descobrir se a nova versão de Lisbeth Salander e Mikael Blomkvist será capaz de nos fascinar e surpreender como a de Stieg Larsson nos faz e nos fará durante muito tempo.


Postado por Barbara Novaes