#SérieDoMês: E esse será mesmo o fim?

Lisbeth Salander está internada no hospital se recuperando de uma tentativa de assassinato e totalmente incomunicável, já que aguarda sua plena recuperação para ser julgada pelo triplo homicídio relatado no livro anterior. Em contrapartida, Mikael Blomkvist está ás voltas com o grupo de aliados que reuniu, composto por Anikka, sua irmã e advogada que defende mulheres vítimas de violência, Bublanski, o investigador do caso que segue sua própria linha de investigação contrariando a promotoria, Holger Palmgren, ex-tutor de Lisbeth, Dragan Armanskij, diretor da Milton Security e alguns mais, para provar a inocência de Salander e desvendar quem está por trás de todas as transgressões e injustiças cometidas contra ela desde criança.

Capa do Livro "A Rainha Do Castelo De Ar"

Stieg Larsson vai utilizar os mesmos ingredientes já usados para compor os demais volumes da saga. Mas a cada novo livro, ele aumenta cada vez mais as doses de suspense e tensão. Nesse terceiro volume, Stieg ainda manterá as críticas de machismo e golpes financeiros no enredo, porém, as críticas contra a corrupção serão abordadas como tema principal. Larsson criará uma divisão dentro das estruturas do governo tão corrupta, inescrupulosa e manipuladora que será capaz de absolutamente tudo para sair ilesa da série de abusos que cometeu. O egocentrismo será a carga motivadora para todas as ações do grupo.

É notável o desenvolvimento de Mikael durante a saga, apesar de desde o primeiro volume ele se mostrar extremamente talentoso e inteligente, é nesse enredo que ele mostrará o quanto pode ser estratégico e calculista. Blomkvist elaborará um plano e se encarregará de que cada detalhe seja executado de maneira perfeita. Sabendo, inclusive, que necessitará dos talentos de hacker de Lisbeth, Mikael consegue deixar a garota acessível e conectada mesmo estando isolada e vigiada no leito hospitalar.

É necessário apontar mais uma vez o fascínio que Lisbeth Salander causa, não somente nos leitores, mas até mesmo nos próprios personagens da narrativa. É esse fascínio, o olhar sob a máscara de proteção, as roupas, piercings e tatuagens de Lisbeth que impulsionam as pessoas a verem o quanto ela é incrível e desejem ajudá-la a todo o custo. A cena em que ocorre o julgamento dela é simplesmente fantástica e demonstra esse encanto com clareza.

Antes de falecer, Stieg Larsson nos deixou uma crítica inigualável da sociedade atual. Criou um romance policial bem escrito, envolvente, inesquecível. Nos trouxe personagens de maneira nenhuma perfeitos, mas que condiz com o real, costurou uma trama cheia de detalhes marcantes, de questões inquietantes e de uma cruel realidade inegável.

A Rainha Do Castelo De Ar é uma história onde alívio e angústia se confundem a cada página, o desfecho de uma trama que merecidamente ganhou seu espaço na literatura policial. Cada livro que compõe a saga Millennium é daquele tipo que deixa saudade das situações em que os personagens se envolvem. Um livro que te marca tão profundamente, que mesmo que você tente, não conseguirá se esquecer dessa narrativa que em cada canto do seu dia-a-dia poderá encontrar referências de suas lutas sociais.

Postado por Barbara Novaes