[CinematekaDaFani] Em busca da Terra do Nunca (Finding Neverland, 2004)

23:22


Citação favorita da Fani:



J.M. Barrie: Basta você encontrar um vislumbre de
felicidade nesse mundo, que tem sempre alguém
que quer destruir isso.

Depois de muito tempo com o Cinemateka da Fani parado, é ótimo retornar e falar sobre o filme “Em busca da Terra do Nunca” (Finding Neverland, 2004), afinal quem é que não foi uma criança que não queria crescer e viajar até à Terra do Nunca para viver grandes aventuras e lutar contra o malvado Capitão Gancho ao lado dos Meninos Perdidos e Peter Pan? Ou melhor, quem nunca quis saber como nasceu Peter Pan?


Sinopse:

J.M. Barrie (Johnny Depp) é um bem-sucedido autor de peças teatrais, que apesar da fama que possui está enfrentando problemas com seu trabalho mais recente, que não foi bem recebido pelo público. Em busca de inspiração para uma nova peça, Barrie a encontra ao fazer sua caminhada diária pelos jardins Kensington, em Londres. É lá que ele conhece a família Davies, formada por Sylvia (Kate Winslet), que enviuvou recentemente, e seus quatro filhos. Barrie logo se torna amigo da família, ensinando às crianças alguns truques e criando histórias fantásticas para eles, envolvendo castelos, reis, piratas, vaqueiros e naufrágios. Inspirado por esta convivência, Barrie cria seu trabalho de maior sucesso: Peter Pan.
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Para quem não acompanha o blog, vale apontar que esse é o oitavo longa da lista de filmes do projeto e posso dizer, com toda a certeza, que foi o que mais me emocionou até o momento.

O enredo conta a história de James Matthew Barrie, criador de uma das obras-primas mais aclamadas da literatura infantil, Peter Pan, e seu envolvimento com a família Davies, que serviu de inspiração para a criação do clássico. Barrie, após o fracasso de sua última peça e de problemas conjugais, começa a passar as tardes no parque Kensington, em Londres, em busca de inspiração para criar algo inovador. Em uma dessas tardes, Barrie conhece madame Sylvia e seus quatro filhos, com quem constrói um laço de amizade muito forte. A partir de então, toda a história que conhecemos do clássico literário começa a ganhar vida na mente criativa de J. M. Barrie que pauta os acontecimentos do enredo nas brincadeiras, relações e fatos que acontece na vida de Sylvia e seus filhos.


Da esquerda para direita: Peter, Sylvia, Michael, George e Jack
Assistindo ao longa, é possível identificar cada personagem da obra e suas características nos membros da família Davies, ou até mesmo Naná, a cadela-babá da história, que foi inspirada no cachorro de estimação do próprio Barrie que sempre acompanhava o dono nas visitas aos garotos Davies. A intimidade do dramaturgo é invadida de modo doce, leve, até convidativo, pois você se sente tentado a ver cada vez mais da interação, por exemplo, de Barrie com a esposa, que não dorme no mesmo quarto e com quem já mal conversa, ou com o pequeno Peter Davies, o garoto que inspira o próprio Pan.

As sequências são trabalhadas com graça e é impossível não reconhecer a atmosfera cativante da própria obra de James no decorrer do longa, ela está implícita inclusive nos momentos mais dramáticos sendo perceptível a sutileza do olhar infantil de Peter Pan sobre a cena. Talvez, esse seja o fascínio causado pelo filme, apesar de ser um drama, há construções impecáveis de cenas fantasiosas onde se aplica um cenário representativo da imaginação de Barrie e dos meninos durante as brincadeiras, elas quebram a aura de tristeza marcante no roteiro e é o diferencial desse longa em relação aos demais do mesmo gênero.


Apesar de todo esse encanto, o enredo é bem mais parado do que se imagina, portanto há possibilidade de uma construção sólida na personalidade dos personagens e explicações do porquê certas atitudes e ações são tomadas por eles, no entanto, essa estagnação pode incomodar algumas pessoas. Em relação a direção, que ficou à cargo de Marc Forster, ele trabalha bem o roteiro, sabe o momento exato de incluir aquela pitadinha de fantasia e sabe utilizar e disfarçar muito bem elementos clichês no longa, eles estão ali, mas com uma máscara diferente e não incomodam como em outros.

Sobre as atuações de Johnny Deep e Kate Winslet, (ok, vou ser franca e dizer que amei esse filme também porque sou apaixonada pelos atores que fazem os personagens principais. Mas poxa?! Como não ser?) o longa não acrescenta muito para suas carreiras, não porque eles não estejam confortáveis em seus papéis, não convençam o público de sua interpretação ou por falha do roteiro. Pelo contrário, apesar do roteiro ser bem estruturado e as atuações muito convincentes, os papéis trazem aquele clichê que eu comentei anteriormente e não há muito de novo aqui, temos o escritor com bloqueio criativo, problemas pessoais e saindo de um fracasso buscando um modo de inspiração e uma mãe solteira que ficou, recentemente, viúva, com problemas financeiros e tentando cuidar de seus filhos da melhor maneira possível.


A grande revelação desse filme, na verdade, é o pequeno Freddie Highmore, ele dá vida a Peter, um garoto que carrega muito da realidade adulta que está vivendo, no caso a morte do pai e os problemas financeiros da mãe, e tem problemas em se comunicar e interagir com as brincadeiras dos irmãos. Ele é diferente, assim como o personagem que foi inspirado nele. Nas palavras do próprio Barrie: "É um garoto que cresceu antes da hora". Já adianto que esse garotinho fará você derrubar até a última lágrima em uma de suas sequências.


Enfim, "Em busca da Terra do Nunca" é um drama tocante sobre a história de um homem que ainda escondia uma criança dentro de si e precisava de uma família tanto quanto ela precisava dele. Que após contada, as mensagens passadas por Pan em sua história fazem cada vez mais sentido. E que para se encantar não é necessário muito, a fórmula é simples: Pensamentos positivos, pó mágico e, acima de tudo, acreditar em fadas.






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