Quando a ressaca literária vira
realidade vale tentar de tudo: ler lista de supermercado, poesia nos muros e
até arriscar uma releitura, só não pode ficar sem ler para sempre. E foi
exatamente, num momento de profunda e quase insolúvel ressaca literária, que me
ocorreu a ideia de fazer uma releitura.
Mas quem acompanha o Refração
Cultural há algum tempo deve saber que eu não sou muito fã de releituras.
Então, a minha ideia inicial era reler um livro pelo qual cultivo um amor
profundo e sei como ninguém como a leitura é fluída, o Mau Começo da série
Desventuras em Série, tamanha foi a minha surpresa e tristeza ao chegar na
biblioteca e ver que o exemplar não estava disponível. Apesar de não ter abandonado
a ideia por completo, em uma rápida olhada pelas estantes me deparei com um
exemplar fininho, tímido e não muito simpático de um livro que havia lido na
infância.
O sentimento de nostalgia foi o
suficiente para que eu levasse o Diário de Susie para casa e no decorrer da
semana fui aos poucos me deliciando com uma nova experiência de releitura. A
apresentação simples, direta e objetiva pelo mundo e vida de Susie nos faz
passear pelos acontecimentos da sua vida em rápidas anotações.
Sob a perspectiva de Susie vemos
vários acontecimentos comuns a vida adolescente, como o início de
relacionamentos, problemas em aceitar seu corpo, provas, o relacionamento com
os pais e a escolha do que cursar na faculdade, a tão almejada maioridade. De
uma forma leve e divertida, o livro está repleto de vários acontecimentos com
esses temas.
“Ficar mais velha e fazer aniversário faz a gente se sentir sem graça quando lembra as coisas que fez com 13 e 14 anos. Especialmente quando leio meus diários. Nem acredito nas coisas que escrevi. Fico arrasada com as roupas que vestia, os meninos por quem me interessava e quem era meu ídolo.”
Além disso, ele traz uma
diagramação bem diferente, principalmente, por se tratar de um diário. Ele traz
“colagens” de cartas, matérias de jornais, revistas e tudo o que a Susie achar
pertinente. SIM, CARTAS! O que torna a leitura ainda mais gostosa e apesar de o
livro ter sido publicado em 1995, ele não deixa de conter temas atuais e ser bastante
informativo. Os autores Aidan MacFarlane e Ann Mc Pherson são médicos e por
isso em várias partes do livro encontramos orientações sobre doenças
sexualmente transmissíveis e drogas, tudo de forma bastante concisa e coesa no
enredo, sem parecer que está querendo “doutrinar” os jovens.
O livro é uma junção de um
formato de escrita muito atrativo, afinal quem não gosta de espiar um pouco
a vida e os sentimentos dos outros haha. E ainda contém ilustrações
divertidas e engraçadas, que deixam a leitura mais dinâmica. Reler O Diário de Susie – Anotações de uma garota
de 16 anos foi uma experiência sem dúvidas nostálgica, que me transportou
para uma época, onde ir na biblioteca e se perder no meio das estantes atrás de
uma boa leitura era uma rotina. Creio que tal sentimento não possa ser
compartilhado ao ler esse livro especificamente, mas se você, assim como eu,
está passando por uma longa fase de ressaca literária é uma ótima pedida para
ajudar a seguir em frente com as leituras e ainda se divertir.